Um dia depois de o Conselho Deliberativo do Sport Club do Recife aprovar o balanço financeiro de 2017 quase que por aclamação (foram apenas quatro votos contrários), o presidente Arnaldo Barros detalhou os números à imprensa, explicando item por item. A coletiva na manhã desta quarta-feira (25/4), na Ilha, durou quase duas horas.
“As informações aqui apresentadas são exatas e refletem a realidade financeira e contábil do Sport. Não existe nenhum caos, até porque os números eram previsíveis. Uma das finalidades desse demonstrativo também é provar que o clube sempre foi deficitário. Não está o caos que estão vendendo”, afirmou.
Confira, em tópicos, os principais pontos abordados por Arnaldo:
DÉFICIT
Para chegar no déficit, quero fazer um comparativo, entre o que foi orçado e o que foi realizado, e a diferença. É um orçamento que foi elaborado ainda na gestão anterior, do presidente Martorelli, apresentado ao Conselho da época, que por sinal perdeu a eleição, e por isso alguns conselheiros estão fazendo as críticas à gestão. Mas esse orçamento foi apresentado por eles, em outubro de 2016.
E o que nós fizemos pra executar aquele orçamento? Orçamento é uma previsão, antevisão, daquilo que se imagina razoável de acontecer. Foi orçada uma receita bruta de R$ 76 milhões, e nós realizamos uma receita bruta de R$ 108 milhões. Então nós avançamos, tivemos uma performance 42% melhor do que foi esperado lá atrás, pelos conselheiros da época. Onde essa diferença apareceu? Em direitos de transmissão de jogos tivemos R$ 7,5 milhões a mais, porque no ano passado o Sport ficou em mais evidência.
Saímos de R$ 8 milhões, para R$ 19,5 milhões, entre renda de jogos, apesar de abrirmos os portões na reta final do ano. E uma grande performance disso foi do time, indo além na Copa do Brasil e uma campanha inédita no Nordeste na Sul-Americana, o que nos permitiu arrecadar 180% a mais do que foi orçado. Tivemos acréscimos no patrocínio, campanha de sócios, e negociações de atletas, onde não tinha nada previsto e conseguimos R$ 4 milhões de vendas de atletas. De eventos, aluguéis, arrendamentos, que foi uma política que fizemos de atualizações, tivemos uma receita de R$ 3 milhões, que correspondeu a 96,9% do que foi orçado.
Então isso tudo justifica os R$ 32 milhões de receita a mais que nós tivemos. Agora, como toda receita, quando cresce, é esperado que você tenha um acréscimo nas despesas. Porque pra você competir indo mais além na Sul-Americana, por exemplo, você tem despesas com hospedagens, passagens, Staff. Por conta disso, nós tivemos R$ 7 milhões a mais do que gastamos do que foi orçado, no futebol. Negócios com atletas, nós imaginávamos investir R$ 5,3 milhões, e investimos R$ 12 milhões. Tivemos oportunidades de mercado exatamente para poder atingir aqueles resultados lá em cima.
Nós aumentamos os investimentos com a base. Despesa com premiações em competições, também aumentamos R$ 6 milhões, que são as premiações dos “bichos”, destinados aos atletas. No final de tudo, nossa previsão orçamentária era R$ 15 milhões, e nós gastamos R$ 18,5 milhões. Então há um déficit de R$ 3,5 milhões.
Nós tivemos uma previsão de pagamentos de tributos de R$ 5,4 milhões a mais do que foi orçado.
PASSIVO
Todo mundo fala que o Sport teve um aumento de passivo de R$ 60 milhões, para onde foi esse dinheiro. De 2015 para 2017 o passivo aumentou pelos investimentos. Tem o ativo, mas o passivo. Mudaram severamente a partir de 2015 as práticas contábeis pra seguir as regras, e fizeram com que nós tivéssemos que reconhecer os débitos passivos. Então nos tivemos passivos circulantes e não circulantes. Quando saiu de R$ 125 milhões pra R$ 183 milhões, colocamos por exigência direitos econômicos em valor integral, imagem a pagar a todos os atletas, luvas, comissões e agenciamentos, então nos tivemos realmente uma acréscimo. Mas observem que do mesmo jeito houve um acréscimo no ativo. E isso não se fala. Contabilidade não é assim. Tem que analisar ativo e passivo. Se você pegar de 2015 a 2017 o ativo do Sport cresceu. O acréscimo de ativo foi de R$ 67 milhões, e não é dito por falta de compreensão ou oportunismo. O ativo cresceu mais que o passivo.
André tinha cinco anos de contrato. E está no passivo as imagens dos últimos cinco anos, claro. Mas ele será vendido, creio eu. Essa demonstração atende às práticas contábeis mais atualizadas que existem. Mesmo inserindo esse débito do Patrimônio da União e mesmo acatando os R$ 18 milhões. Se a venda de Diego Souza e André fossem concluídas em dezembro, teríamos R$ 20 milhões aí e seríamos superavitários. Não se pode julgar a gestão apenas com o corte, porque foi em dezembro. Porque em janeiro estamos superavitários em R$ 10 milhões, mas também não dá para analisar a gestão só pelo mês de janeiro.
IMPOSTOS
Os R$ 9 milhões de impostos da minha gestão estão equalizados, nós devemos resolver nos próximos 30, 60 dias. A curva laranja são os impostos ordinários, do dia a dia. Então vocês veem que de 2001 até o último ano de Severino Otávio não há pagamento de tributos. Eles só começaram a ser pagos a partir de Luciano Bivar e vejam quanto foi pago de tributos. Mas isso não é uma crítica, eles também tiveram dificuldades. A linha azul é o pagamento de tributo do passado. Impostos que não foram pagos. São 25 milhões. De 97 a 2005 começou-se a pagar, R$ 320 mil reais de impostos ordinários. Nós pagamos hoje praticamente o dobro disso, mas por mês. Em um ano eu paguei R$ 6 milhões e espero pagar muito mais. Mas o fato é que nos já pagamos fora isso R$ 58 milhões de tributos correntes.
RESULTADOS
A Folha do Sport hoje é pelo menos 35% menor que ano passado. É uma das medidas que estamos tomando para deixar o clube saneado. Vamos deixar dívidas, mas não da minha gestão, e sim do passado, que estou ajudando a reduzir. Não vai chegar a ultrapassar 2018. Até porque é impositivo. Hoje você não pode pegar empréstimos, por exemplo, para comprometer outras gestões.
RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS
Foi dito que tinham 187 ações da minha gestão. Há um número de reclamações da gestão, o que não necessariamente foi da minha gestão. Na minha foram 20, sendo 17 em 2017. Agora, nós temos hoje 84 reclamações. Que são resultados de processos que estamos resolvendo. As maiorias dessas reclamações não são da minha gestão. Por exemplo, tem 6 relativas a atletas, dessas, 4 já foram julgadas improcedentes, de gestões passadas. E tem duas que subsistem, uma de Maikon Leite e outra de Felipe Azevedo, que não foram da minha gestão.